🐺 No fim do dia, a vida é minha(e isso não é fácil, mas é libertador)

Hoje estou trabalhando de home office na casa da minha mãe. Divorciada, amorosa, de alma acolhedora. Aqui tem dengo, tem colo e tem canja quentinha feita com todo o carinho. Temos conversas longas, confissões sem filtro e silêncios que dizem muito. É uma troca boa, familiar, que acalenta o peito.

Mas, no fim do dia, eu volto pra minha casa. Casada, adulta, responsável pelas escolhas que faço — e pelas que deixo de fazer. É como se essa volta fosse também um lembrete: o colo é maravilhoso, mas o caminho é meu.

🍲 Um prato de canja e o colo que ainda acolhe

Minha mãe cuida de mim com a mesma dedicação de sempre. Me serve canja como quem entrega amor em forma de caldo. E tem dias que tudo o que eu preciso é isso: me sentir filha de novo. Me deixar pequena por algumas horas, desacelerar, soltar a armadura.

Mas ser cuidada também desperta um ponto de atenção: o quanto a gente, mesmo madura, às vezes busca abrigo em algo que já não nos serve mais como antes. O quanto é confortável ser vista como “menina” quando o peso de ser mulher parece demais.

💫 A vida pode ser compartilhada, mas o caminho é meu

Ser casada, ter uma casa, uma rotina minha — não me afasta do desejo de voltar, vez ou outra, para onde fui cuidada a vida inteira. Mas hoje eu volto diferente. Volto consciente de que não posso, nem quero, me esconder aqui.

A casa da minha mãe tem cheiro de infância, mas a minha vida tem gosto de liberdade. É possível amar as duas coisas e ainda assim entender que o que me move é a estrada, não o colo.

🌫️ Quando o cuidado distrai do que é urgente

Já percebi que às vezes, inconscientemente, venho pra cá pra adiar decisões, pra respirar do caos, pra pausar a realidade. E tudo bem. Mas não posso transformar esse respiro em fuga. Porque o que eu preciso resolver não está aqui — está dentro de mim.

O cuidado acolhe, mas não resolve. A ternura aquece, mas não enfrenta. E crescer, mesmo depois dos 40, é encarar esse espelho e dizer: “eu me basto”.

🌱 Crescer é ter escolha — e lidar com ela

Tem algo bonito (e duro) em perceber que o tempo nos deu ferramentas, mas a responsabilidade de usá-las é nossa. Escolher dói. Errar, então, nem se fala. Mas evitar a escolha também é uma decisão — e geralmente mais custosa.

É mais fácil quando tem alguém dizendo o que fazer. Mas mais bonito quando a gente se escuta. Quando a gente banca. Quando a gente entende que não precisa acertar sempre — só precisa ser fiel ao que sente.

🔥 Ser mulher depois dos 40 é ter lucidez — e coragem

Hoje sei que não sou mais a filha que precisa de direção. Sou a mulher que constrói o próprio caminho. Isso me assusta? Às vezes, sim. Mas me dá um orgulho danado também. Porque é aqui, nesse lugar de escolhas conscientes e passos firmes, que habita a minha força.

Não quero viver no colo. Quero lembrar que ele existe. Mas quero — e vou — continuar indo. Porque é no ir que eu cresço, floresço, recomeço.

🏡 O colo é refúgio. Mas o lar sou eu.

No fim do dia, eu volto. Volto pra minha casa, pro meu tempo, pra minha história. Volto com gratidão por tudo que recebi. E com a certeza de que não há ninho mais seguro do que aquele que construí dentro de mim.

Esse é o maior colo que posso me dar: saber que posso ir e voltar quantas vezes quiser, porque meu lugar no mundo — hoje — é dentro de mim.

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