Hoje, escrevo com o coração apertado. Um grande amigo está vivendo a dor da separação, depois de mais de uma década de vida compartilhada. Tenho acompanhado a fragilidade dele, o silêncio, as tentativas de entender o que não tem resposta. E, mesmo não sendo a minha história dessa vez, ela me atravessa como se fosse.
Porque eu já estive nesse lugar.
Sei o gosto amargo da perda de um amor que ainda pulsa dentro da gente.
Sei o vazio de quem não escolheu ir embora — e mesmo assim ficou sozinha.
Por isso, hoje, escrevo para ele. E para mim também.
E talvez para você, que está aí do outro lado sentindo que a vida desmoronou.
Tem um tipo de luto que não é reconhecido com flores nem com missa. É o luto da separação. E ele dói como morte. Porque, de certo modo, é.
Não há mapa. Não há controle. Não há respostas prontas.
E talvez a pior parte disso tudo seja perceber o quanto somos impotentes diante da decisão do outro.
Porque, sim, a dor também mora aí:
na tentativa inútil de entender por que acabou,
na súplica muda para que a história continue,
no fracasso íntimo de não conseguir segurar o que desmorona.
A gente mal se controla — imagina controlar a escolha de alguém.
💔 Quando o amor não basta mais
É estranho ver o amor continuar existindo, mas do lado de cá.
Ele ainda vive em você.
Enquanto o outro já se foi.
E o que resta é uma ausência que grita mesmo no silêncio.
Não é só o outro que você perde.
É a vida que existia ali dentro.
É a rotina.
Os códigos.
Os pequenos hábitos que se tornam fantasmas no dia a dia.
Você acorda e o travesseiro ao lado está vazio. E ninguém vai voltar hoje.
E mesmo assim, você fica.
Fica com você.
Fica por amor a si mesma.
Porque aceitar o fim — mesmo com o coração estraçalhado — é também um gesto de respeito pela própria dignidade.
É deixar ir, não porque não doeu, mas porque doeu demais para continuar se perdendo ali.
🌀 A separação dói em camadas
Tem a primeira camada — a do choque.
Depois vem o desespero, a esperança tola, a barganha silenciosa, o “se eu tivesse feito diferente”…
A raiva.
O choro seco.
A apatia.
A vontade de sumir.
A vergonha.
O medo de não ser amada de novo.
E um esvaziamento da autoestima que parece não ter fim.
É um processo longo. Dolorido. Profundo.
E mesmo quando se tem apoio, escuta, acolhimento…
A virada de chave, essa, ninguém pode fazer por você.
Ela acontece de dentro.
Às vezes no susto. Às vezes na calma.
Mas sempre dentro.
E quase sempre vem depois de você se lembrar que ainda vale a pena cuidar de si.
🌱 Renascer demora, mas vem
Não é linear.
Tem dia que parece que passou. No outro, você desaba só de ouvir uma música.
É cansativo.
É real.
Mas, aos poucos, alguma coisa dentro começa a voltar.
Primeiro uma vontade tímida de sair sozinha.
Depois uma tarde sem lembrar.
Uma risada sincera.
Um espelho que devolve um olhar mais vivo.
E quando você se dá conta, está se bastando.
Com dor, talvez. Mas com dignidade.
Está mais lúcida. Mais inteira.
Está escolhendo a si mesma.
E isso é amor-próprio em sua forma mais bruta e bonita.
Está mais loba.
💖 Quem fica precisa aprender a viver de novo
É fácil romantizar os recomeços.
Mas não é bonito no começo.
É chão gelado, café com gosto de lágrima, cabeça rodando, identidade em frangalhos.
Até que um dia… não dói tanto.
Não é que passou.
É que você se reconstruiu diferente.
E mesmo sabendo que a dor também existe para quem vai, quem fica — e não queria ficar sozinha — sofre um luto legítimo.
Um luto que precisa ser reconhecido.
E vivido. Até o fim.
Porque só quando a gente escolhe ficar por nós mesmas, é que o novo realmente começa.
🫶 Você já passou por esse luto? O que mais doeu em você — e o que te trouxe de volta pra si? Me conta. Aqui é espaço seguro. De mulher loba pra mulher loba.