Eu nunca quis ser mãe.
Não foi uma fase, nem rebeldia de juventude.
Foi uma certeza silenciosa que sempre esteve aqui.
Não nasceu de trauma.
Não é um buraco, nem uma ausência.
É só o que é.
Durante muito tempo, guardei essa certeza só pra mim.
Porque o mundo cobra. Espera. Julga.
Como se a mulher viesse ao mundo com um roteiro pronto.
Como se não querer maternar fosse um defeito a ser corrigido com o tempo.
Mas o tempo passou.
E essa certeza continua intacta.
Mais forte. Mais minha.
💔 Por amor, quase dei espaço ao que não era meu
Em um relacionamento importante da minha vida, considerei abrir essa porta.
Não porque eu quisesse.
Mas porque a outra pessoa queria.
E eu amava.
Por amor, quase deixei a dúvida entrar.
Não por desejo, mas por tentativa de encaixe.
O casamento terminou antes que esse filho acontecesse.
Foi por outros motivos. E tudo bem.
Hoje, olho pra isso sem peso, mas com clareza:
teria sido um erro comigo.
E não é o amor que deve nos empurrar pra fora da nossa verdade.
💍 Quando a verdade vem primeiro
No meu casamento atual, fui direta desde o começo:
— Eu não quero filhos. Se você quiser, não seguimos.
Sem rodeios. Sem tentativa de adoçar.
Só verdade.
E, dessa vez, foi simples.
Fluiu.
A outra parte também não queria.
Hoje vivemos uma escolha consciente, sem ruídos, sem moldes.
Sem filhos — mas com planos, liberdade, parceria e presença.
🧩 Não estou incompleta. Só não caibo no molde
Durante anos, tentaram me corrigir.
“Você vai mudar de ideia.”
“Você vai se arrepender.”
“Você só não encontrou a pessoa certa.”
Como se a minha verdade fosse frágil.
Como se eu fosse temporária.
Como se o que eu sou fosse um erro de percurso.
Mas a única coisa que me faltava era espaço.
Espaço pra existir inteira.
Sem precisar caber no molde que nunca foi meu.
Hoje, eu ocupo esse espaço com voz firme, corpo inteiro e alma em paz.
🔥 Nunca foi ausência. Sempre foi outra forma de presença
Nunca me vi empurrando carrinho, cantando canções de ninar, escolhendo nomes.
Nunca tive essa imagem.
Nunca desejei essa experiência.
E não precisei criar desculpas pra isso.
Não precisei inventar um motivo que justificasse.
Simplesmente não é meu.
Meu jeito de cuidar é outro.
Meu amor se espalha em outras direções:
nas amizades, nos projetos, nos gestos, na liberdade.
Isso também é amor.
Só não é o tipo que esperavam de mim.
🐾 Minha loba não embala filhos. Mas embala mundos. E três doguinhos
Não ser mãe não me tornou menos mulher.
Me tornou mais eu.
Meu ventre não gerou filhos, mas gera ideias.
Minha energia não foi pra uma certidão de nascimento — foi pra mim, pros meus caminhos, pro que escolho criar.
E pra três doguinhos que são puro amor, caos e companhia.
Sou mãe de pet com orgulho.
Cuido, dou colo, falo com voz engraçada, e abro espaço no sofá (e no coração) como só quem ama entende.
Meu jeito de amar tem riso, tem afeto, tem presença.
Não cabe em manual.
Não depende de título.
Não precisa de permissão.
Minha loba é livre.
Tem voz.
Tem raiz.
Tem pulso.
E tem pelos na roupa.
Se você também carrega essa certeza — quieta, sólida, incompreendida —, saiba: há outras de nós por aí.
E não, você não precisa se explicar.
Aqui, você tem lugar.
Aqui, você é inteira.
E ser loba, no fim das contas, é isso:
honrar quem se é, sem desvio, sem concessão — e, se quiser, com um cachorro no colo.